Em meio ao caos cotidiano, é difícil se colocar a pensar. Refletir sobre a vida e, com isso, tomar decisões, é algo cada vez mais incomum. Para Liza K, a reflexão veio de um sonho, onde, em 2017, teve encontro com uma melodia. A partir daí surgiu “Entra”. A canção chega às plataformas digitais.
Embora não tenha surgido de forma completa, “Entra” ganhou um processo de composição que se deu ao longo do tempo. A partir da inspiração inicial, que revelou a batida da canção, Liza foi de encontro aos versos que dão luz à faixa.
“No sonho, me deparei com uma noite tranquila numa praça vazia de uma cidade do interior. O silêncio trazia um momento solene com luz no coreto onde um homem de branco se aproximava com um violão em punho. Ele se sentava numa cadeira grande de madeira entalhada, bem desenhada e começava a tocar uma melodia numa tonalidade muito grave. Ninguém estava presente e só havia luz onde o homem estava. Enquanto dormia, eu podia assistir e ouvir de algum lugar, mas não sei se estava fora ou dentro da imagem do sonho. Terminado o concerto solitário deste único solo, acordei e peguei o gravador para guardar a melodia“, disserta Liza sobre o sonho que levou à canção.
Após a inspiração, Liza partiu na saga para completar a música, uma vez que a base da melodia já estava pronta. Embora não tenha revelado a letra, o sonho proporcionou à compositora um momento de inspiração, que resultou na faixa “Entra”.
“A imagem do sonho trouxe um verso que não está na letra, mas me serviu de base na construção da canção”, explica a compositora.
Tendo como viés o sonho, Liza logo entendeu quem era o tocador da canção. A inspiração veio com a presença de um amigo próximo, que ecoou através de um contexto espiritual, quase que como um encontro místico.
“A espiritualidade sempre me atraiu. Gosto muito de ler e estudar sobre as mais diversas expressões neste âmbito. O tocador de violão do sonho, na vida real é um amigo meu, muito próximo, que além de todas as qualidades que um ser humano pode ter, é um grande anfitrião, músico também e que recebe a todos em sua casa, sempre com as portas abertas“, ressalta.
“O ponto de partida da inspiração da letra de ‘Entra’, seguiu-se na imagem da chegada de um visitante, um ancião, sábio, um mestre andarilho, um peregrino e contador de histórias, vindo de uma longa travessia. Esta presença solene, símbolo de sabedoria e simplicidade, era muito aguardada e seria recebida com grande expectativa por mim, numa casa na montanha. Cada verso foi construído em torno desta espera, desta visita sublime que traria mensagens e sabedoria para o bem viver mundano. Seria uma passagem transitória, breve, onde cada momento, cada diálogo, cada troca teria seu valor mais precioso e indispensável. A recepção era atenciosa e proveitosa, propiciando conforto e alimento capazes de suprir todo o cansaço do esperado viajante que poderia partir no dia seguinte“, elucida a cantora.
Logo, unindo inspiração, sonho e o material, “Entra” se transformou em uma das faixas mais queridas da carreira de Liza K. “Ela nos fala de chegada e partida, encontros e reencontros, caminho e aprendizado, destino e seguimento, elos entre sábios e discípulos.”, adiciona sobre a faixa.
Clipe
Com o objetivo de criar uma atmosfera única e passar uma mensagem mais concreta, “Entra” chega às plataformas acompanhada de videoclipe. Gravado em Lumiar, na Região Serrana do Rio de Janeiro, o vídeo explora o simples, promovendo uma conexão com a natureza.
“Gravamos o clipe numa casa bem rústica, com recursos simples de filmagem e de forma totalmente caseira. A ideia era passar a sensação de abrigo e acolhimento. Filmamos à noite usando apenas o cenário da casa e da varanda.”, disserta Liza.
Se no sonho a imagem foi com uma praça e um coreto, o registro audiovisual ganha uma nova leitura mais própria com a imagem da artista. “A chuva e o coreto, presentes no sonho, não participaram e prezamos pelo aconchego da madrugada rodeada pela mata, velas acesas, fogo na lenha e na chaleira. Usamos todos os elementos que pudessem transmitir a simplicidade em seu sentido absoluto, criando um clima e atmosfera desprendidos de luzes e efeitos. A música com instrumentação basicamente acústica, devido à sonoridade do cello, da flauta e do clarinete, pediu esse resultado nas imagens capazes de aproximar o ambiente e instalar a sensação de paz, plenitude, calma e tranquilidade“, finaliza Liza K.
Sobre Liza K
Cantora, compositora e professora, Liza K é formada em Licenciatura Plena com Habilitação em Música pela UNIRIO. Ao longo de sua carreira acadêmica, desenvolveu pesquisa sobre música folclórica brasileira, tema de sua monografia. Como professora de Educação Musical, violão e musicalização, atuou em diversas Escolas Municipais, Estaduais e particulares do RJ, além de desenvolver um projeto musical para a Terceira Idade em clínicas de convivência e associações. Atualmente, em paralelo à carreira solo, Liza é baixista do Bloco Mulheres de Chico, primeiro bloco de carnaval formado integralmente por mulheres.
Como intérprete (voz e violão) atuou em espetáculos com textos de Arthur Azevedo e Ariano Suassuna “A História do Amor de Romeu e Julieta” (adaptação de Ariano Suassuna e direção de Elza de Andrade), que passou por RJ, SP e MG e obteve o Prêmio Coca-Cola de Melhor Direção e Melhor Espetáculo Jovem.
Participou como vocalista e instrumentista dos grupos Cordão do Boitatá; Bloco Céu na Terra e NEAE – Núcleo Experimental de Arte e Educação com direção de Sidney Mattos.
A relação com a música é antiga. Liza K começou a estudar música entre os 16 e 18 anos, com aulas de canto e violão, inicialmente tocando nos saraus das escolas. Nos anos 1990, fez sua primeira apresentação com voz e violão para um público mais específico e seleto no CEP 2000, evento produzido e criado pelo poeta Chacal no Teatro Sérgio Porto (RJ). Em 1991, ingressou na UNIRIO, aprimorando os estudos de música. Entre 1996 e 2000, montou sua primeira banda, já com algumas composições próprias, entre alguns covers, fazendo shows em bares e casas noturnas da cena carioca, além de gravar um primeiro CD Demo.
Foi entre 2005 e 2007, que entrou no estúdio EG Rio Música, de Geraldo Brandão e Ezio Filho, para gravar seu primeiro álbum autoral intitulado “LIZA K”, com participações de Carlos Malta e Marcos Suzano. O show de lançamento do projeto contou com a presença do consagrado artista Rodrigo Santos.
Em 2018, Liza K lançou o single “Temporada”, acompanhado de videoclipe, gravado no Órbita Studio, de Carlos Trilha, com produção musical de Jongui.
Já no ano seguinte, em 2019, a artista apresentou oficialmente o single “Cadê?”, também gravado no Órbita Studio, produzido por Jongui, com participação de Carlos Trilha.
Em 2022, a artista retomou as atividades na carreira solo com dois lançamentos: “Reparar” e “Acreditar”. As novidades convergem com o momento de vida de Liza, que visa cantar sobre sua verdade e emoção.
Em “Reparar”, Liza traz uma análise positiva da letra, criando contrapontos sobre o cotidiano da sociedade e das ruas.
Gravado no Rio de Janeiro, o clipe da canção explora visualmente as ruas do Centro da Cidade, antiga capital federal e um dos pontos históricos mais importantes da América Latina.
O icônico bairro de Copacabana, na Zona Sul da cidade, também serve como ponto de encontro visual para Liza, que dá foco a pontos pouco explorados, como feiras e praças públicas, escolas e construções, promovendo encontro entre o asfalto e a favela.
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