Celebra as lutas da população negra e debate aplicação de lei sobre ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas
Filósofos, professores, ativistas do movimento negro e outras autoridades participam de 16 painéis entre os dias 18 e 21 no Memorial da América Latina, com entrada gratuita e transmissão online; os 20 anos da lei 10.639/2003, que tornou obrigatório ensino da temática afro-brasileira, é tema-chave dos debates
A terceira edição da Expo Internacional Dia da Consciência Negra terá uma extensa programação de palestras nos dias 18, 19, 20 e 21 de novembro. Serão quatro painéis de debate diários que dialogam e propõem uma reflexão sobre a cultura, a ancestralidade, os direitos, as várias formas de opressão sobre a população negra e a luta antirracista. O evento, gratuito, será realizado no Memorial da América Latina. Sob o tema “Uma lei, muitas lutas”, o festival ao mesmo tempo celebra os 20 anos da lei 10.639/2003 e discute sua efetiva aplicação. A lei tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas públicas e privadas, o que posteriormente foi ampliado para contemplar a temática indígena.
A Expo é um dos braços de implantação da política pública da Prefeitura São Paulo: Farol de Combate ao Racismo Estrutural, conduzida pela Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) em parceria com a Secretaria de Educação (SME).
O primeiro painel aborda o tema-chave do evento: “20 anos da lei 10.639/03: reflexões, impactos e desafios”, com a participação das professoras Helena Theodoro e Jussara Santos e do escritor Basa Ilele Ngone. A seleção dos palestrantes foi realizada por uma equipe altamente qualificada de curadores: Abílio Ferreira, fundador e coordenador geral do Instituto Tebas de Educação e Cultura; a coordenadora de Relações Institucionais do instituto, Rita Teles; e o sambista, sociólogo e escritor Tadeu Kaçula.
Racismo religioso, as origens do carnaval no Brasil, o movimento negro e suas conexões com movimentos internacionais são os temas dos outros três painéis de sábado, 18. No dia seguinte, o foco será educação e cultura. Haverá conversas sobre os povos originários do Brasil e da África e as leis que estabeleceram o ensino de suas histórias nas escolas, oralidade e literatura, além da relação entre Carnaval e Capitalismo.
A ex-ministra da Justiça da França, e ex-deputada representante da Guiana Francesa, Christiane Taubira, será um dos principais destaques internacionais da programação. Ela participa do painel de abertura do domingo, 19. Foi ela quem conduziu a mobilização para aprovar, em 2001, a lei francesa que reconhece o tráfico atlântico de escravos e a escravidão como crimes contra a humanidade.
Os painéis de segunda-feira, 20, abordam a saúde da população negra, políticas afirmativas e outros processos de reparação. A filósofa Katiuscia Ribeiro é outro grande nome de referência da programação de segunda e participa do painel “A cadeia produtiva e a economia do carnaval”.
Já no último dia do evento, o embaixador oficial da Expo, o ator Aílton Graça, vencedor do Kikito de Melhor Ator do Festival de Gramado por “Mussum, O Filmis” debate o papel da mídia na aplicação da lei 10.639 ao lado de Naruna Costa e Cris Guterrez. “Na Expo, a população terá contato direto com artistas e expositores que talvez não chegassem a ela por meio da grande mídia. O evento viabiliza o contato com a cultura negra e ajuda a construir narrativas importantes para a nossa cidadania”, afirma o ator. Também na terça, 21, Douglas Belchior, Deise Benedito e Melissa Cassimiro encabeçam o painel “Vidas cerceadas: genocídio e encarceramento da população negra”, sobre o sistema prisional brasileiro.
A programação de palestras começa às 10h30 e termina às 17h30. Cada painel tem duração de uma hora, com um intervalo de meia hora entre eles e um espaço livre das 13h às 15h. Todas as palestras e debates terão transmissão no canal do Farol Antirracista no YouTube.
“Meu desejo é que as pessoas se sintam motivadas a agir contra o racismo estrutural. É a nossa história! Somos protagonistas dessa luta diária. O autoconhecimento da negritude tem implicações sem volta no intelecto de uma pessoa negra. E é por meio da educação que nossa luta começa. Quando uma criança cresce com uma educação antirracista, todo um sistema é mudado”, afirma Elaine Gomes, coordenadora da III Expo Internacional da Consciência Negra. “Mesmo após 20 anos, sabemos que a aplicação da Lei 10.639/03 ainda não é completa. Isso é mais um sintoma do racismo estrutural que infelizmente persiste, é uma ferida aberta na sociedade brasileira”, diz a secretária municipal de Relações internacionais, Marta Suplicy. “E a educação é o principal caminho de transformação, por isso a importância de debater a lei. Por isso também a Expo existe, ela é fruto direto da história e da cultura afro-brasileiras, valoriza e expressa esse protagonismo e é um poderoso instrumento de promoção da igualdade racial”.
Atividades multiculturais
Além dos debates, a Expo inclui uma intensa agenda cultural gratuita, com shows de grandes nomes da música, teatro, Espaço Erê (atividades voltadas para crianças), feira de afroempreendedores e praça de alimentação.
O acesso ao Memorial da América Latina é livre, mediante cadastro no site do evento ou no local, respeitada a lotação máxima de cada espaço e atividade.
A III Expo Internacional Dia da Consciência Negra é gratuita, mas, para garantir o acesso, é indispensável o cadastro no site. A inscrição é única: uma vez cadastrada, a entrada fica liberada para participação em todos os dias do evento e as atrações desde que respeitada a lotação e a classificação etária indicativa; menores precisam estar acompanhados de um adulto para entrar.
Serviço:
De 18 a 21 de novembro, das 10h às 22h
Memorial da América Latina
Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda – São Paulo-SP.
As palestras ocorrem no auditório da Secretaria da Pessoa com Deficiência
Mais informações: AQUI
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